Há uns anos fiz uma reportagem para a RTP sobre o estigma dos albinos na África austral.
Recordo uma escola onde os meninos albinos vegetavam sózinhos, sem ningém para brincar, devido à crença de que nascem sem alma e podem, por isso, roubá-la a quem deles se aproximar.
Somos todos irmãos vestidos de peles de cores diferentes.
Sonhamos, choramos e voamos no existir sem distinções rácicas. Somos um. Apenas diferenciados pelo que foi em nós semeado ao longo da vida.
O que nos foi dado a aprender e a possibilidade que tivemos de lhe dar seguimento.
O resto, é pura ignorância e preconceito.
http://www.elmundo.es/especiales/2011/01/salud/fantasmas-tanzania/index.html
Extraordinário das mais diversas formas.
Vale a pena cada minuto que dedicares a visionar este vídeo.
Uma lição de vida deslumbrante.
Quando os (ainda) Springboks entrarem em campo no próximo ano, na Nova Zelândia, para defesa do título mundial, terão do lado esquerdo do peito das camisolas o símbolo da Protea e, no extremo oposto, o logo da prova.
O emblema dos Springboks, que é um dos mais prestigiados e antigos do rugby mundial, só poderá, quando muito figurar numa das mangas, antes de cair em definitivo, para aplauso dos movimentos anti-apartheid mais radicais que sempre o associaram às políticas descriminatórias raciais.
Nelson Mandela pugnou sempre, no entanto, pela defesa daquele símbolo na selecção sul-africana de rugby, como gesto de reconciliação com o povo afrikaner, que tinha o centro da sua cultura desportiva nesta modalidade.
É a negação de um processo de reconciliação exemplar mas, ao mesmo tempo, um grito de desespero de "alguens" que insistem em preservar códigos de vida politica e moralmente insustentáveis no mundo de hoje.
Argumentam, os membros da comunidade afrikaner local, terem-se remetido ao confins do deserto karoo, onde ninguém vivia, para ali poderem criar seus filhos sob valores que serão apagados numa sociedade passada a ferro culturalmente.
Argumentam ainda que os seus filhos (brancos) só terão hipóteses de emprego quando nenhuma outra raça disputar a vaga, em virtude da chamada lei de acção afirmativa.
Considerando-se vítimas de um novo racismo invertido, reclamam o direito de auto-preservação, nem que seja numa das regiões mais esquálidas do Planeta, por eles tornada sustentável.
Motivos de reflexão; Ninguém é, nunca, uma ilha de verdade.
O próprio Mandela no-lo recorda e defende; "e porque não ambos verdadeiros"?
É um oásis de desenvolvimento e qualidade de vida e, por isso mesmo, um "El dorado" procurado por milhões de imigrantes ilegais.
Um activo e ao mesmo tempo a principal dor-de-cabeça da administração de um país que é o maior produtor mundial de ouro e de platina.
Hoje reacenderam-se as emoções raciais à porta do tribunal de Ventersdorp, quando foram presentes os presumíveis assassinos do lider da extrema- direita, Eugene Terreblanche.
Brancos e negros trocaram insultos e ameaças e só a pronta intervenção da polícia evitou confrontos violentos.
Não está em causa a capacidade da África do Sul em acolher o Mundial de futebol que certamente será um sucesso (como já o foram uma série de outros mega-eventos internacionais realizados no país desde o fim do apartheid em 1994).
Recomendam-se, no entanto, precauções adicionais e bom-senso aos visitantes.
De resto e a título de exemplo, São Paulo e o Rio de Janeiro apresentam índices de criminalidade violenta bem mais graves do que qualquer cidade sul-africana e não deixam por isso de ser cidades deslumbrantes e procuradas.
O assassínio do antigo lider do AWB deixa a nú a escala e o potencial de violência latente num dos países mais deslumbrantes do Mundo.
Conheci Eugene Terreblanche de perto durante os 10 anos que chefiei a Lusa naquele país e a imagem que guardo é a de um homem que era uma força da natureza, brutal, carismático e que despertava a lealdade das franjas brancas mais radicais.
O AWB (Movimento de Resistência Afrikaner) é um grupo de extrema direita, de supremacia afrikaner, com uma ala paramilitar (Ystergard) em que militavam informalmente dezenas de antigos comandos, paraquedistas e fuzleiros.
A morte brutal de Terreblanche segue paradoxalmente sortes idênticas sofridas por centenas de agricultores brancos asssassinados naquele país mas é, em si, um duplo pesadelo para a administração do ANC (no poder na África do Sul).
Por um lado, vem na esteira de posturas provocatórias racistas anti-brancos do lider da juventude do ANC, como a recuperação do hino "Morte aos boer" (boer=agricultor afrikaner).
Por outro, a decorrente factura de escalada de tensões raciais numa África do Sul onde a criminalidade violenta assume muitas vezes facetas racistas e/ou xenófobas.