Só dá mesmo para rir porque mais parece uma brincadeira.
Uma televisão americana usou uma base gráfica da América do Sul para ilustrar uma "bolacha" do Mundial de futebol na...África do Sul.
Prefiro acreditar que foi distração ou excesso de trabalho mas esta é mesmo uma gaffe do tamanho de um oceano inteiro...o Atlântico.
Se virem com atenção, se calhar Nelson Mandela esteve afinal preso em Paraty e não em Robben Island.
É indicativo da nova realidade da sociedade portuguesa que, pelos vistos, só passa ao lado das prioridades editoriais dos nossos media.
Angola é indiscutivelmente o maior foco de interesse externo do empresariado português e da nossa emigração mas ninguém o diria se tivesse por base de análise os nossos jornais/telejornais.
E o motivo é só um: alguém inventou - acreditem ou não os não-jornalistas - que África "não faz audiências" (eu diria que o problema é antes a cada vez maior ignorância sobre o tema de quem define os alinhamentos).
Mas como a vida prossegue o seu rumo, mesmo à revelia dos media (que paradoxo!) os dados agora revelados pelo SEF não deixam margem para dúvidas; pela primeira vez desde a independência de Angola o número de emigrantes angolanos em Portugal baixou.
De 32.728 passaram a 27.619, no ano passado, enquanto o número de portugueses que procuram Angola não pára de aumentar e só é de alguma forma restringido pelas dificuldades na obtenção de vistos.
É caso para dizer; acordem jornalistas!
África e Angola têm de assumir nas páginas e alinhamentos dos nossos jornais o mesmo relevo que ganham cada vez mais junto dos portugueses senão admirem-se de um dia fazerem jornais só para consumo dos amigos e da respectiva família.
Afinal a Europa já nos governa hoje em dia mais do que nós nos governamos a nós mesmos.
No “aquecimento” para o dito escrutínio, assistimos a um "sprint" paroquial de tempos de antena e “reportagens” com candidatos a algo cada vez mais ausente dos telejornais e assim subtraído do saber comum; a Europa; como funciona, como influi nas nossas vidas, como e porque nos diz respeito.
É por isso "pacífica" uma abstenção maçiça no próximo domingo. Votar para quê? E em qual dos menores desertos de ideias/propostas?
Do mundo, cada vez mais, vemos nos noticiários apenas as tragédias, os desastres, os modismos e os "fait-divers".
Depois, no domingo, estar-se-à horas a dissecar uma noiva cada vez mais remota.
Essa coisa progressivamente estranha, caricata, chamada Mundo.