A intolerância à diferença é cada vez maior apesar da legalização de casamentos do mesmo sexo num número crescente de países.
Em sentido contrário, a homossexualidade é punida com a morte em sete países e proibida em pelo menos oitenta outros.
Mesmo numa Europa, supostamente liberal, os refugiados de perseguição homofóbica enfrentam atitudes humilhantes e discriminatórias, na triagem para garantia do estatuto protector.
Sob uma bandeira de cruzada ocidental investiu-se contra o Iraque de Saddam, para libertar um povo impotente da prepotência de um ditador.
Sob a bandeira da ordem pública e da reposição dos direitos humanos se aprofundou ainda mais a vala comum onde ambos se afundam ainda mais, diariamente, desde então.
Verdade verdadinha, Saddam era mesmo um patife. Ponto final parágrafo. Mas será que o virarmos da cara à herança da investida ocidental no Iraque não será uma patifaria no minimo igual? E alguém virá por isso bombardear-nos e enforcar-nos?
Não será assim que se incendeiam ainda mais as emoções de quem pouco ou nada tinha e com menos ainda ficou?
A Human Rights Watch alerta agora num relatório de 67 páginas que milícias xiitas estão a torturar e exterminar homossexuais na capital iraquiana numa auto-proclamada operação de “limpeza social”.
Em Sadr City, bairro predominantemente xiita de Bagdade, foram encontrados corpos de homossexuais com as palavras em árabe para "pervertido" e "cachorro" escritos no peito.
A organização, com sede em Nova Iorque, refere que as ameaças e abusos alastraram a Kirkuk, Najaf e Bassorá, embora as práticas se mantenham concentradas na capital.
"São cometidos crimes com impunidade, intencionalmente admoestadores, com corpos atirados para o lixo ou pendurados nas ruas como avisos", lê-se no relatório da HRW.
(sem comentários)