Grafismo: NYT
O alerta é do New York Times:
As mesmas forças que conseguiram, finalmente, o sufoco da economia portuguesa comprometem o futuro das restantes democracias ocidentais, em termos de latitude fiscal e não só.
Leia por si o artigo e verifique a solidez desta análise:
http://www.nytimes.com/2011/04/13/opinion/13fishman.html?src=ISMR_AP_LO_MST_FB
....mas este alerta levanta uma interrogação preocupante sobre a lucidez dos lideres ocidentais, quando parecem mais preocupados em apontar dedos do que em identificar e atacar um problema, predatório, que lhes baterá à porta, mais tarde ou mais cedo, em efeito dominó.
Foto: D.R.
Não se iludam; o impacto social dos programas do FMI é devastador.
Testemunhei-o enquanto jornalista em Moçambique quando o país deixou de poder sustentar a dívida externa na década de 80.
A África lusófona é notícia (desta vez) por bons motivos.
Cabo Verde surge em quarto lugar (incluído no quadro de honra continental de boa governação) e Angola deu um salto enorme no sentido positivo, do chamado index Mo Ibrahim.
É uma avaliação anual, país a país, patrocinada pela fundação de um multimilionário sudanês (Mo Ibrahim).
Nas conclusões deste ano evidencia-se um alerta: as melhorias económicas e de qualidade de vida estão a ser contrariadas por recuos a nível dos direitos humanos e das liberdades civis em muitos países africanos.
A classificação global inclui items como segurança, participatividade, direitos humanos, oportunidades económicas sustentáveis e desenvolvimento humano e é por via disso, que de uma forma algo inesperada, Cabo Verde surge à frente de um gigante como a África do Sul.
Em termos de qualidade de governação, figuram ainda nos trinta melhores países africanos dois lusófonos; São Tomé e Príncipe (11º) e Moçambique (20º).
Apesar de todas as convulsões de que tem sido palco, a Guiné-Bissau figura na 41ª posição, entre os 53 avaliados, à frente de Angola (43ª), o país que mais subiu mas é ainda fortemente penalizado como um dos mais frágeis do mundo em termos de desenvolvimento humano.
Muito mais cedo do que esperamos, todos os que trabalhamos por conta de outrém vamos ter cortes nos salários para evitar seguirmos o descalabro de Atenas.
A matemática é uma ciência lógica e exacta. Quando consumimos muito mais do que o que produzimos, o fazemos há muito e nos habituámos a depender de um Estado em rota de falência (insustentável a médio e - ainda mais - longo prazo), o acerto só é possível através de um aperto de cinto radical.
É como gastar-se todos os meses mais do que o recebido em salário!
Durante muitos anos sustentou-se isso à conta dos décimos terceiros e quartos meses. E depois com a conta-salário. O problema é que o credor – o Estado – também já se endividou ao limite dos juros que consegue suportar!
E agora? A solução é óbvia. Penosa, mas óbvia.
Habituámo-nos a um laisser-passer, décadas a fio, acreditando na sustentação do país por uma suposta qualidade de serviços, quimera que, de repente, está a ser deixada a nú. Sem anestesia.
Para mim que multipliquei o amor pelo meu país - ao residir 16 anos no estrangeiro (por destacamento de serviço) - e me incomodam os velhos do Restelo ser-me-ia "lógico" e fácil enterrar a cabeça num buraco e presumir a ignorância do mensageiro.
Só que eu exerço este meu patriotismo da mesma forma que sou pai; olhando os problemas com carinho e positivismo mas também de forma realista e responsável.
Não se iludam; o filme “Up in the air” de George Clooney poderá parecer uma visão cínica da forma como empresas e países serão cada vez mais geridos. Mas é – em boa verdade – cada vez mais a via-padrão, num mundo onde os valores prevalecentes são financeiros e não humanos ou humanizantes.
O Irão quer triplicar para cerca de mil milhões as suas actuais trocas comerciais em Portugal que já remontam há quase 500 anos.
O objectivo foi anunciado pelo Vice-Mne Medi Safari, durante uma conferência de imprensa no hotel Marriot, em Lisboa, onde revelou que os dois países vão lançar um selo do correio alusivo ao quinto centenário destas trocas comerciais.
Safari reeditou o argumento de a democracia no Irão ser bem mais participada do que na Europa, com uma afluência às urnas que foi quase o dobro as recentes eleições europeias.
Contestou por outro lado críticas à democracia no Irão contrapondo que num país como os Estados Unidos, um presidente pode ser eleito sem ma maioria de votos, como foi o caso de George W Bush face a Al Gore.
Safari assegurou que as autoridades iranianas se têm limitado a reprimir pessoas que se aproveitam de manifestações para destruirem bens e património e que as sete vítimas mortais ocorreram durante uma tentativa de roubo de armas numa base militar.
Quanto à restrições a jornalistas estrangeiros, sustentou primeiro não ter conhecimento de tais medidas mas argumentou depois ser evidentem, "em muitas reportagens", uma distorção dos factos, invariavelmente contra o executivo de Ahmadinejad.
Afinal ainda há dignidade ou, pelo menos, esta ainda consegue assomar, qual gota de azeite em água.
Ao fim de meses de pressões Dias Loureiro demitiu-se do Conselho de Estado depois de um juiz de instrução criminal ter pedido o levantamento da sua imunidade.
Dias Loureiro foi um dos homens-forte da ascensão de Cavaco Silva no seio do PSD.
Mas a sucessão de alegações do seu envolvimento como empresário em negócios de índole questionável minou progressivamente a sua sustentabilidade.
Portugal já tem quase meio milhão de desempregados, fasquia que estabelece novo recorde negativo, desde o 25 de Abril (1974).
As estatísticas oficiais fixam em 491.635 o número de portugueses inscritos à procura de emprego, um balanço que continua a agravar-se a ritmo acentuado.
Comparando os números relativos a Abril de 2009 e 2009, assinala-se um agravamento de 27,3 por cento face ao mesmo mês de 2008, um mês depois de o país ter registado o seu maior salto comparativo de sempre (50%).
Tudo boas razões para “voar baixinho” no seu posto de trabalho e, no meio deste cenário, sorrir feliz por (ainda) ter emprego.
Finalmente boas notícias, no meio da crise económica mundial; a taxa Euribor, que dita o grosso das prestações de empréstimos das casas, desceu a níveis históricos.
A taxa a um mês fixou-se mesmo e pela primeira vez abaixo do nível de um dígito (0,94 por cento).
Boas novas sem dúvida para os milhões de portugueses que mensalmente contam os tostões para pagar empréstimos de habitação.
É uma daquelas "pinceladas" a que não adianta fugir e que a maioria dos portugueses (pelo menos) costuma deixar sempre para a última hora.
Falo das declarações de IRS para trabalhadores dependentes, cujo prazo legal termina às 24h00 de hoje.
Um minuto depois, já sabe, incorre em multa!
Vá lá! É uma daquelas estopadas em que cada minuto investido a resolver vale bem mais do que o reforço do sorriso do fisco, à sua custa, em caso de atraso.
É nos tempos de aperto que se revela a qualidade da madeira de que é construída a nau.
Rezam os escritos ancestrais, sobre a honradez e o sentido de responsabilidade dos construtores navais.
Um dito (ou um escrito) que se arrasta em actualidade até aos nossos dias, nos mais diversos campos, a começar pelo gerir da coisa pública e a competência governativa.
Em causa está agora a nau financeira em que navega todo o Planeta, com o madeirame a estalar e as juntas a meterem água.
Reza a sabedoria antiga que tudo se pode remendar com pensos de estôpa e uns pregos adicionais. Pode, se a tempestade amainar e os carpinteiros tiverem asas nos pés da imaginação.
Mas assim que se chegar a terra, é urgente aprender a lição e refazer a nau, de cima abaixo.
É isso que se espera, na cimeira do G20 em Londres.
Caso contrário, o destino está escrito.
Tão garantido quanto a recorrência de novas tempestades, nada salvará a nau de naufrágio certo, mesmo que imobilizada em porto de abrigo.