Na visão eurocêntrica, tende-se a atribuir os engulhos do Mundial na África do Sul a supostas limitações africanas quando a prática tem revelado outra realidade bem diferente;
- Os problemas mais graves têm radicado na ignorância como se olha para a África do Sul, como foi o caso da venda de bilhetes para os jogos do Mundial.
O secretário-geral da FIFA deu finalmente a mão à palmatória, assumindo o erro de se ter optado pelo retalho via internet, num país onde o futebol é a modalidade preferida da maioria negra (os brancos preferem o rugby e o críquete), que tem - percentualmente - um acesso diminuto à web.
A prova é que assim que se passou para a chamada quinta fase de vendas (feita ao balcão) houve uma avalancha de pedidos no país anfitrião. E a menos de dois meses do pontapé de saída, estima-se agora uma assistência média de 95 por cento em todos os jogos.
Já o alertei (e reafirmo) durante as acções de formação que tenho feito a jornalistas designados para cobertura do Mundial na África do Sul; é um erro crasso olhar-se para o modus operandi neste Mundial como se fez nos anteriores.
...e o que mais receio não é a eventual ocorrência de incidentes de segurança mas a irresponsabilidade de se perder, por ignorância (e decorrente arrogância), a oportunidade rara de os media nos adicionarem saberes.... em vez de lugares comuns.
O canal privado de televisão sul-africano "M-Net" adiou a estreia e vai ter de refilmar parte de uma série dramática sobre o Mundial de Futebol por ter usado a bola oficial da prova sem permissão da FIFA.
Diversas cenas do "League of glory" serão repetidas recorrendo a uma bola a preto e branco em vez da Jabulani (significa celebração em língua zulu) o que forçou o adiamento da estreia da série, do próximo dia 28 para 5 de Maio.
A FIFA já obrigara em Março a empresa aérea de baixo custo sul-africana Kulula.com a cancelar um anúncio que utilizava imagens de bolas e de estádios do Mundial (agendado de Junho a Julho na África do Sul).