Quando um país se afunda a níveis sem precedentes na era moderna é, no minimo, de profundo mau-gosto abardinar-se o contexto em que hipotecamos o nosso futuro e, pior ainda, o dos nossos filhos.
José Sócrates cometeu certamente erros de processo graves numa sociedade democrática moderna, especialmente quando as medidas em causa arrastam sofrimentos adicionais a contribuintes já em apuros.
Mas o facto é que nunca a oposição avançou propostas eficazes alternativas às medidas impopulares avançadas por Sócrates.
E quando o lider do principal partido da oposição (PSD) admite que provavelmente aplicaria medidas análogas às do PEC chumbado quarta-feira e que o está em causa é a credibilidade de quem assina as medidas e não a adequação destas, é caso para gritarmos por socorro.
E ninguém nos salva destes políticos todos? Será que não podemos vendê-los a Bruxelas a troco da dívida?
Um sinal do que nos espera; a agencia espanhola de informação EFE vai cortar em 4,5 % os salários de 900 funcionários em alternativa a despedimentos ainda mais penosos.
Todo o mundo fala do mega aperto de cinto imposto à Grécia e que sombras negras rondam Portugal mas até à data os salários dos que ainda retêm os postos de trabalho neste país mantêm-se intocados....por enquanto, acrescento eu.
Em Espanha, que foi (na última década) uma referência de crescimento económico, os funcionários da EFE iniciaram hoje uma greve de dois dias que de pouco ou nada lhes valerá.
Face à quebra de publicidade a nivel mundial a administração da empresa terá de reduzir este ano os encargos salariais em 2,2 milhões de euros e a alternativa a cortes salariais é o desemprego ou o encerramento de inúmeros serviços.