Quarta-feira, 10 de Junho de 2009

LUSODISSONÂNCIA

 

   Preso por ter cão e por não ter. É o que se poderia dizer dos promotores de um acordo ortográfico no mundo lusófono.

   Do Brasil, o DN dá conta de críticas a tal esforço normalizador, ecoando idênticos anti-corpos subscritos deste lado do Atlântico.

   Não está em causa a ”utilidade” estratégica de tal esforço em termos politicos e comerciais mas sim as implicações para os utentes do português, pintado com estas ou aquelas roupagens, consoante o meridiano em que é escrito ou verbalizado.

   Além de o jornal O Globo já ter dado voz às resistências assumidas deste lado, sob o título “Portugal Reage”, o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, membro da Academia Brasileira de Letras, é citado entre os acordo-cépticos.

   "No tempo do Getúlio (Brasil) e de Salazar (Portugal) foram feitos acordos que não prevaleceram, porque, na realidade, quem faz a língua não são as academias, nem os governos. Quem faz a língua é o povo," afirma. "Os portugueses jamais vão deixar de chamar o trem de 'comboio', não adianta.

   Em Portugal, 'facto' é 'fato', e 'fato' é 'roupa'. Também temos nossas particularidades e jamais vamos chegar a um acordo".

   O DN cita ainda Desidério Murcho, da Universidade Federal de Ouro Preto, a sustentar que "as pretensas vantagens do acordo são como as vantagens de ter gnomos de barro no jardim: são decorativos, mas não fazem a poda por nós".

   Até porque, refere, "não há qualquer impedimento ortográfico à presença dos livros portugueses no Brasil, por exemplo. Na verdade, na biblioteca de filosofia da minha universidade encontram-se imensos livros portugueses e nem os meus colegas nem os meus estudantes se queixam da ortografia. Mas todos se queixam de ser muito difícil comprar livros portugueses".

   Por fim, o jornalista José Carlos Tedesco lembra que, "entre os quase 200 milhões de brasileiros, muitos não conseguem sequer cumprir as regras antigas e, portanto, terão grande dificuldade - ou irão mesmo ignorar - as novidades". 


publicado por António Mateus às 12:34
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Terça-feira, 19 de Maio de 2009

JUÍZOS APRESSADOS

 

   Onde se cruzam as fronteiras do rigor, da verdade e da vertigem em assegurar ambos, com o encaixar de "factos" em ideias pré-concebidas e a arrogância da ignorância?
 
   O caso da professora de Espinho acusada de usar suposta linguagem “imprópria” e, pior ainda, uma postura tudo menos pedagógica na condução de um conflito com alunas é disso caso gritante.
 
   Primeiro, de “escribas” (ser jornalista é algo mais do que fazer juízos apressados e coxos) a responsáveis escolares, todos se apressaram a linchar publicamente a professora.
 
   Agora (tire-se-lhe o chapéu) o jornal Público mostra hoje a outra face deste mesmo quadro, onde alunos da dita escola avançam ter-se tratado afinal de uma “emboscada” a uma professora por eles descrita como “espectacular” e uma “segunda mãe”.
 
   Enquanto não se apura onde mora a verdade, o bom nome da professora em causa já foi arrastado na lama e, como se tem tornado hábito, foi sepultada a presunção de inocência da dita cuja.
 
   Faz-me lembrar a recorrência de “notícias” contra o Colégio Militar, alicerçadas em comportamentos de desvio de alunos identificados e que são por isso mesmo alvo de processos disciplinares rigorosos (como oxalá ocorresse nos estabelecimentos de ensino públicos deste país).
 
  O grave (muito antes pelo contrário!) não é divulgar abusos cometidos – porque ainda bem que isso é feito – mas sim induzir falsamente que seriam situações sancionadas e abafadas por pessoas e um sistema com elas coniventes.
 
   O apuramento da verdade não se constroi montando uma mentira estalinista mas ouvindo de forma isenta todas as partes, cruzando os argumentos e verificando a sustentabilidade dos mesmos antes de formalizar juízos.

 

P.S. Já agora seria interessante verificar-se o que implicaria em negociatas um eventual fecho do Colégio Militar e a alineação imobiliária dos respectivos terrenos numa zona nobre de Lisboa.

     


publicado por António Mateus às 16:42
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Domingo, 22 de Março de 2009

CONSELHOS EXECUTIVOS DESAFIAM GOVERNO

  

 

    Um décimo dos Presidentes de Conselhos Executivos das escolas portuguesas vão levar ao limite a contestação ao sistema de avaliação de docentes imposto pelo governo.


     Reunidos em Lisboa,  representantes de 180 dos cerca de 1200 CE´s existentes em Portugal decidiram recusar-se a penalizar os professores que boicotem o controverso sistema, no formato imposto.


    Os Pr´s dos CE´s sublinham não existir no quadro legal nenhuma disposição que obrigue os docentes a efectuarem tal avaliação sendo assim ilícita uma penalização por recusa.


     Foram ainda acordados os princípios de criação de uma futura associação de dirigentes de escolas públicas


publicado por António Mateus às 02:25
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