Carlos Pinto Coelho deixou-nos bem mais pobres após uma vida inteira a somar-nos saberes, curiosidade pelo diferente e, acima de tudo, uma paixão assumida pelas suas raízes africanas, por ele acarinhadas desde que aterrou em Moçambique com apenas um ano de idade.
Dele guardo a paixão pela cultura, o cavalheirismo, o inconformismo com a "ditadura" das audiências e, incontornavelmente, o ACONTECE!
Um homem agre e doce. Colega e companheiro, de quem eu sempre esperava, enquanto colega da RTP, palavras desassombradas, de crítica construtiva, sábia, sem vírgulas ou adornos.
Obrigado Carlos por teres acontecido. Nas nossas vidas. Até ao fim da tua.
Era a última pessoa que sabia falar uma das línguas mais antigas do mundo.
Boa Sr vivia nas ilhas Andaman, tuteladas pela India, e pertencia à pequena comunidade dos grande-andamamaneses.
A língua bo - falada pela tribo do mesmo nome, extinta com a morte desta anciâ de 85 anos - era uma entre dez línguas faladas pelos grande-andamaneses e teria por volta de 65 mil anos.
Línguistas acreditam que esses idiomas já eram utilizados na região durante o período Pré-neolítico e que alguns deles seriam originários de África.
Durante os últimos 40 anos, após a morte dos seus pais, Boa foi a última pessoa capaz de falar a língua bo e teve de aprender uma versão andamanesa do hindi (idioma falado por 70% dos indianos) para comunicar com as pessoas à sua volta.
Escute este registo da anciâ a falar a língua agora desaparecida:
O video anexo poderia até pintar sorrisos, não fosse arrastar a dignidade de um ser humano a um (des)nível sem palavras.
Nunca será demais erguermo-nos em sentido inverso, pela lucidez e a verticalidade dos valores que sonhamos possam vir um dia a ser colectivos.
O video dá que pensar não dá? Se empurrarmos um pouco mais fundo na nossa própria consciência, o dedo da humildade, se calhar surpreendemo-nos com o ror de vezes em que nos presumimos régua métrica dos outros.
Sejamos bem mais tolerantes com a magia que é em si a fragilidade humana.
Um dos maiores problemas da humanidade não é o cometer de erros, mas a incapacidade em os aceitar nos outros enquanto os relativizamos em nós.
Surpresa!
A lista dos "100 melhores livros de sempre", escolhidos pela revista Newsweek não contem nenhum autor lusófono, espanhol ou francófono!
Não se surpreendam. Os norte-americanos ainda há uns meses tinham um presidente que se referia aos gregos como sendo "grécios"...
Mas se quiser verificar por si mesmo(a) consulte o link:
http://www.newsweek.com/id/204478