
Quando um Estado não se respeita a si mesmo quem o há-de fazer?
Que dizer das “honras” prestadas hoje em Lisboa a um homem que foi o primeiro e último responsável pela prisão, execução sumária e enterro em valas comuns de centenas de homens que serviram a farda e ordens portuguesas?
Luis Cabral presidia a Guiné-Bissau quando os antigos oficiais comandos negros foram “apanhados à unha” apesar das garantias dadas ao governo português de que seriam integrados nas forças de unidade nacional.
Para evitar “conflitos” Portugal virou a cara às atrocidades cometidas contra aqueles homens por terem cumprido apenas e tão-só ordens de Lisboa.
Para cuspir ainda mais na dignidade nacional, Luis Cabral foi depois acolhido em Portugal como “refugiado”, sustentado pelos contribuintes portugueses e agora sepultado “com honras”.
Diria que quem desceu afinal hoje à sepultura foi a honra de quem continua indiferente e/ou a fingir que nada tem a ver com isso.