Um dos mais notáveis fotojornalistas que conheci profissionalmente em diversos cenários de conflitos.
João Silva deu os primeiros passos como reporter na África do Sul durante os últimos anos conturbados do apartheid.
Desde então tornou-se reconhecido a nível mundial por uma sensibilidade humana e uma humildades raras, somadas num talento deslumbrante.
Agora, quatro meses após ter perdido ambas as pernas ao pisar uma mina durante uma reportagem no Afeganistão, voltou a andar, com a ajuda de próteses.
"O fisioterapeuta colocou-me as próteses, perguntou-me se eu queria andar e eu arranquei. Devo ter andado na passadeira umas 20 vezes. Não conseguia parar", explicou o fotojornalista português, citado pelo New York Times, ao serviço do qual sofreu as lesões.
O New York Times ofereceu lugar nos quadros da empresa ao reporter de imagem português que sofreu a amputação parcial de ambas as pernas ao pisar uma mina anti-pessoal no Afeganistão.
http://lens.blogs.nytimes.com/2010/12/09/a-special-visit-for-joao-silvas-recovery
O acidente ocorreu quando João Silva acompanhava uma jornalista do New York Times, durante uma reportagem em Argandhar, uma zona particularmente perigosa daquele país.
João Silva trabalhava à peça para o jornal diário americano que em vez de o deixar "cair", perante a gravidade da lesão, assumiu todas os encargos médicos de recuperação do foto-jornalista português e, agora, integrou-o nos quadros da empresa.
Há gestos humanos que nos deixam sem palavras. Pela positiva.
E este é, certamente, um deles!
A gravidade da actual crise reside mais nas exigências que coloca aos políticos e aos jornalistas do que à aritmética implicada.
Por um lado, há quase uma gração que somos governados por políticos mais preocupados em serem reeleitos e pensarem em sound-bites mediáticos do que em administrar o país para as gerações vindouras e geri-lo como o fariam, sensatamente, com o respectivo património familiar.
Por outro, os media são cada vez mais dominados por jornalistas sem mundo que alimentam o circo predatório em vez de funcionarem como um verdadeiro quarto poder; uma consciência social que deixasse a nú vazios de ideias e exigisse actos administrativos consequentes em vez de multiiplicar tempos de antena onde se massajam egos de entrevistados e entrevistadores.
E se não acreditam experimentem parar um bocadinho e fazer um pouco de aeróbica aos neurónios; imaginem que este país é a casa onde descalçam os sapatitos ao fim do dia e para cujo sustento se foram endividando, ao ponto de já mal suportarem as respectivas prestações.
O banco, como é lógico, começou a duvidar da saúde financeira de alguém que gasta em média mais 500 euros do que ganha por mês e apertou-te os calos. Aumentou os juros. Vai daí, o que fizeste? Informaste a prole que a partir daquele dia, as despesas não só iam ser cortadas ao limite do rendimento da família como, finalmente e de forma sensata, se passaria a gastar um pouco menos do que as receitas, para se poder reinvestir e precaver o futuro.
Juízo? Inteligência? Não. Claro que não. Se lermos e ouvirmos os media portugueses e os políticos por eles ecoados.
Depois de quase uma década a acompanhar como jornalista pessoas do calibre de Nelson Mandela e Desmond Tutu permitam-me ter uma latitude muito restrita para o que poderia ser tão facilmente este país mas não o é; por pura mediocridade e nepotismo.
Como é possível debater-se dias a fio se as medidas de contenção de Sócrates são ou não demasiado penosas quando o que elas são, na realidade, é obscenamente curtas e só reflectem, e mais uma vez, a principal preocupação dos nossos governantes, directores, etc; não perderem o poder.
Se o país consome muito mais do que o que produz e o crédito atingiu níveis insustentáveis só há uma coisa, corajosa, responsável a fazer; chamar os bois pelos nomes e reduzir o consumo ao que efectivamente se produz; seja isso o que for, mesmo que se passe fome;mesmo que se ande a pé, mesmo que se percam as vaidades.
Porque era isso certamente que fariam se fosse a casa, onde vivem os nossos filhos, e o futuro destes, que estivesse em jogo.
E não o é?
Sobrevivem há três semanas retidos 700 metros abaixo do nível do solo, numa mina de cobre chilena. Este é um vídeo que os 33 mineiros conseguiram fazer chegar à superfície através de um canal estreito e pelo qual equipas de salvamento lhes têm feito chegar medicamentos e mantimentos básicos. Os mineiros já sabem que levará pelo menos quatro meses até poderem eventualmente ser resgatados através de um túnel que está a ser aberto através do solo rochoso.
O vídeo, com uma duração total de 45 minutos, foi mostrado primeiro aos familiares dos mineiros que estão acampados em redor da mina de S. José, no norte do Chile e através do qual é feita uma 'visita guiada' ao espaço onde aqueles estão retidos desde o desmoronamento registado há 22 dias.
"Temos tudo bem organizado", explica um dos mineiros antes de mostrar uma mini farmácia com álcool, medicamentos, desodorizantes e dentífricos que lhes têm sido enviados.
"Daqui retiramos água para lavar os dentes, o rosto", acrescentou o homem, apontando um bidão, e depois um "pequeno copo para lavar os dentes. Faz-se uma toillet básica. Aqui é onde nos divertimos, onde fazemos uma reunião todos os dias, onde planificamos".
Quatro peritos da NASA, a agência espacial norte-americana, são esperados domingo ou segunda feira, no Chile, para transmitir aos socorristas os seus conhecimentos de sobrevivência em espaços fechados.
Há cinco anos que é uma estrela do céu, o melhor jornalista que conheci na vida e me deu o imenso prazer de ser meu amigo.
Ross Dunn nasceu há 55 anos na Austrália, e era um dos mais brilhantes jovens jornalistas do seu país quando foi colocado na África do Sul, logo após a libertação de Nelson Mandela.
Dele era um sentido de justiça e um humanismo únicos. Uma pena ágil, coragem e verticalidade, só comparáveis a uma imbatível atracção pelo precipício no campo afectivo, finalmente redimida em Israel onde uma doença fatal lhe traiu o sorriso.
Dele era esta expressão única (*)...minha, a saudade imensa de um amigo e de um jornalista únicos.
Até já meu amigo! (amba kahle - em zulu)
(*) He used to joke that all subeditors had a secret button on their keyboards called the BLB - the Best Line Button. Hit the button and it would automatically search out the best line in the story (in the reporter's view) and delete it.