É uma luta contra-relógio e contra o desespero de quem está encurralado, 700 metros abaixo da superfície.
As equipas de salvamento vão experimentar um plano alternativo que poderá reduzir a metade o horizonte de resgate até aqui estimado em quatro meses.
A ideia é utilizar uma mega escravadora de abertura de poços de água para alargar uma das três condutas de comunicação entretanto abertas para fazer chegar víveres e medicamentos aos 33 homens, retidos num abrigo da mina de San José desde o passado dia 5.
Sobrevivem há três semanas retidos 700 metros abaixo do nível do solo, numa mina de cobre chilena. Este é um vídeo que os 33 mineiros conseguiram fazer chegar à superfície através de um canal estreito e pelo qual equipas de salvamento lhes têm feito chegar medicamentos e mantimentos básicos. Os mineiros já sabem que levará pelo menos quatro meses até poderem eventualmente ser resgatados através de um túnel que está a ser aberto através do solo rochoso.
O vídeo, com uma duração total de 45 minutos, foi mostrado primeiro aos familiares dos mineiros que estão acampados em redor da mina de S. José, no norte do Chile e através do qual é feita uma 'visita guiada' ao espaço onde aqueles estão retidos desde o desmoronamento registado há 22 dias.
"Temos tudo bem organizado", explica um dos mineiros antes de mostrar uma mini farmácia com álcool, medicamentos, desodorizantes e dentífricos que lhes têm sido enviados.
"Daqui retiramos água para lavar os dentes, o rosto", acrescentou o homem, apontando um bidão, e depois um "pequeno copo para lavar os dentes. Faz-se uma toillet básica. Aqui é onde nos divertimos, onde fazemos uma reunião todos os dias, onde planificamos".
Quatro peritos da NASA, a agência espacial norte-americana, são esperados domingo ou segunda feira, no Chile, para transmitir aos socorristas os seus conhecimentos de sobrevivência em espaços fechados.
Chego ao escritório e mais uma notícia de terramoto devastador.
Em pouco mais de um mês a energia libertada pelo atrito entre placas terrestres já espalhou a morte no Haiti, Chile e agora na Turquia.
Dias depois chegam-nos na net registos impressionantes, amadores - como este que anexo - testemunhos pessoais de como estes fenómenos não são uma "coisa" sem face, remetida aos alinhamentos dos telejornais.
Somos irmãos de um mesmo sorriso e de uma mesma lágrima. Ou ainda não demos por isso?
Numa assentada, "terramota-se" o Haiti e o Chile e "enxurra-se" a Ilha da Madeira...e a essência do humanismo.
Em comum o cenário de dor e o relembrar da nossa pequenez perante a natureza mas também a curtez de valores de tantos seres humanos.
No Chile foi declarado o recolher obrigatório em diversas zonas por causa das pilhagens de "oportunistas" do desespero alheio.
Já fora assim no Haiti e depois na Madeira onde esta "insónia" tirou o sono a uma PSP desmotorizada (grande parte do respectivo parque automóvel também foi na enxurrada).
Dá que pensar não dá?
Foi um dos maiores terramotos do século.
Apesar de muitos dos edifícios serem construídos em estruturas anti-sísmicas, centenas deles não resistiram a um primeiro abalo de intensidade 8.8 e às mais de 20 réplicas que se lhe seguiram.
Nas redações seguimos a esta hora - noite adentro em Portugal - o desfecho dos alertas de tsunami decorrente do terramoto, feitos em dezenas de países do Pacífico.
Nas primeiras horas, pelo menos as Ilhas Juan Fernando, Galápagos e Robinson Crusoé foram fustigadas por mega-ondas.
Para a história fica a memória de um país (Chile) vitima recorrente de terramotos, como o que em 1960 devastou o país.