O divórcio entre os eleitores portugueses e os políticos é cada vez maior.
A diário espanhol ElMundo destaca ter havido um empate nas presidenciais deste domingo entre Cavaco e a abstenção.
O frio e problemas derivados do uso do cartão de cidadão agravaram o alheamento de mais de metade do eleitorado português, mas as razões principais desse divórcio moram, cada vez mais, num descrédito crescente relativamente à solidez dos candidatos.
O ElMundo recorda mesmo que desde o 25 de Abril, os presidentes portugueses em exercício só têem vagado o posto por limitação constitucional do número de mandatos (dois) e não por opção do eleitorado.
Antes o diabo conhecido do que a aposta no desconhecido, é uma palavra de ordem aparentemente mais sonante do que as avançadas pelos candidatos rivais. Fernando Nobre e Manuel Alegre que o digam, para não falar nos restantes derrotados.
Alguma coisa está profundamente errada num país que há 45 anos foi palco de um levantamento militar alicerçado, exactamente, na recuperação dos direitos democraticos.
É tão urgente pôr em ordem as contas públicas como mobilizar os portugueses num projecto humano e de sociedade coerente e consistente.
Um cenário onde estejamos dispostos a apertar o cinto e a rever a forma de estar na vida, mas com uma noção concreta e sólida, do objectivo perseguido e do futuro que iremos legar aos nossos filhos.