É só o ser humano mais deslumbrante que já conheci nas minhas voltas pelo mundo e que foram imensas, ao longo de 22 anos como jornalista.
Nelson Mandela, ou Madiba de nome de clâ e em tratamento afectuoso, é já fisicamente uma sombra pálida do ser que nos deu a todos muito mais do que será razoável esperar de um ser humano.
Hoje, este xhosa sul-africano completou 91 anos e poucos mais deverá partilhar ainda connosco.
Durante os 12 anos em que o acompanhei directa e indirectamente como jornalista na África do Sul, aprendi que aquilo que os media dele passam (aliás como da maioria das coisas) são apenas lugares comuns, uma caricatura da sua real escala e valor.
Nele o que mais me toca não é a ausência de azedume pelas violências e encarceramento a que foi sujeito por se bater pelos direitos humanos, mas sim a sua noção de bem colectivo, o sentido de Estado, o respeito imenso pelos outros e a sedução pelo pensamento diferente.
Ao contrário do que é prática nos nosso locais de trabalho e em quem nos governa, Mandela sempre se rodeou por quem pensava de forma distinta da sua, dos que o criticavam, por entender ser essa a única forma de se acrescentar, adicionando-se na diferença.
Hoje, para lhe devolvermos um pouco dessa luz, ou estarmos à altura dela, somos convidados a aderir ao Dia de Nelson Mandela e a passarmos a adoptá-lo como uma jornada mundial anual, dedicada a fazer algo pelo próximo e pelo Planeta em que vivemos.
No Radio City Music Hall, em Nova Iorque, dezenas de estrelas do rock de todo o mundo vão juntar a sua voz a esse apelo colectivo, num mega-concerto que será transmitido à escala global via internet.
Há 67 anos que Mandela aderiu activamente à luta pela defesa dos direitos humanos. No sábado pede-se a cada um de nós que dê 67 minutos do seu tempo, a tornar este mundo, um lugar melhor