
É estranho como no mundo lusófono andamos sempre ao contrário das mentes mais abertas.
Enquanto, por exemplo, na África do Sul, as feridas do apartheid foram saradas através de uma Comissão da Verdade e Reconciliação, DOIS ANOS após o fim daquele, no mundo lusófono ainda trocamos acusações sobre o passado colonial que acabou há TRÊS DÉCADAS E MEIA.
Na África do Sul entendeu-se por bem manter-se nomes de afrikanders que a mal ou bem fizeram parte da história do país, tal como ele é hoje.
Em Moçambique, em sentido contrário, celebra-se hoje a substituição de nomes como Marquês de Pombal numa Avenida de Maputo, por um que a esmagadora maioria dos residentes da capital mal consegue pronunciar (Chinyamapere).
Na África do Sul procura-se fazer com que todas as comunidades se sintam integradas e parte do país a construir. No mundo lusófono ainda há nós, os coitadinhos, e eles, os opressores.
Mesmo que os oprimidos o sejam há mais de três décadas por incúria dos respectivos líderes políticos e por tratarem à pedrada aqueles com que poderiam há muito ter (re)construído pontes.
Leiam o último livro de Mia Couto, “E se Obama fosse africano”, e caiam na real.
Ou será que agora o Mia também vai ser criticado como neo-colonialista por falar verdades politicamente incorrectas?