É indiscutível que o melhor chefe e líder é aquele que sabe motivar e retirar o melhor dos que transitoriamente enquadra.
Digo “transitoriamente” porque muitos tendem a esquecer que ninguém “É” chefe mas sim “ESTÁ” chefe e tendem a destruir a iniciativa e o vestir da camisola de quem chefia cultivando o unanimismo e a subserviência.
Se isso se passa cada vez mais mas empresas públicas – incluindo nas de média – não será de estranhar que o expoente máximo desse autismo surja na área da Educação, onde se hostiliza por regra (e não por excepção) os seus principais agentes; os professores.
À pala de propósitos reformistas, vai-se tratando recorrentemente a classe docente como uma manada de indigentes, calaceiros, conspiradores contra o sistema, que se juntaram num mesmo clube para dar cabo das nossas criancinhas.
Em vez de se motivar e remunerar a motivação de quem atura cada vez mais os rebentos de uma sociedade em perda de valores e de pais que se demitem das responsabilidades educativas transformam-se as escolas em circos romanos, onde qualquer dia se paga para não entrar.
No que me toca, como não quero educar os meus filhos num sistema onde os professores são continuamente desrespeitados e os alunos tratados como príncipes intocáveis, recorri ao ensino privado.
Porque posso…pelo menos por enquanto.
Mas pergunto-me nesse caso porque e para que pago impostos?
Democracia é - também e principalmente - pedir contas a quem gere a coisa pública e exigir o cumprimento do contrato estabelecido entre eleitores e eleitos e que levou à escolha, pelos primeiros, de um determinado partido.
Reza qualquer manual básico de pedagogia que a primeira prioridade na formação de um menor é a estabilização do respectivo quadro afectivo e functional, requisito que depende do empenho e entrega dos professores, muito para lá das “obrigações” contratuais destes.
Explico melhor; quando se volta a colocar milhares de professores já efectivos em risco de desemprego está-se a defender os alunos e os docentes ou novamente a sacrificar tudo e todos a contabilidades financeiras?
Mas ainda mais obsceno é que depois, em nome da excelência do ensino que têm vindo a torpedear, na corrente guerra contra os professores, é exigida a partir do concurso deste ano “qualificação para o ensino”, além do grau académico.
Uma certidão que em muitos cursos já decorre do plano de licenciatura curricular cumprido mas em muitos outros exige uma formação académica adicional.
O Ministério da Educação alega que para isso foi “dada a opção” de fazer uma "profissionalização" no ensino superior, paga pelo Estado, só que para se ser elegível para essa formação, o professor tem de contabilizar pelo menos seis anos de serviço ininterrupto nas escolas.
Para centenas de professores actualmente colocados que ainda não leccionam há seis ou mais anos o cenário é assim de desemprego garantido.
Está tudo louco ou é impressão minha?