
Aprendi no Colégio Militar a ser rigoroso, justo e leal. Princípios que aplico à minha maneira de estar na vida e na profissão de jornalista.
Por isso me incomodam os artigos que li, em dois dias consecutivos, na imprensa sobre o Colégio Militar. E incomodam-me de duas formas;
1. Por esperar daquela escola uma irrepreensibilidade de métodos e ética;
2. Por não reconhecer nos artigos em questão nada que me permita concluir se houve ou não abusos aos parâmetros aceitáveis num estabelecimento com padrões de exigência muito elevados a todos os níveis.
Sou ex-aluno e pai de um “rata” e, também por isso, muito atento à educação ali dada e a eventuais derrapanços ocorríveis num estabelecimento onde parte substancial da co-formação é atribuída aos graduados (alunos mais velhos e mais bem qualificados).
Repito a expressão “incomodam-me” exposições mediáticas, quando feridas pela ignorância de factos essenciais a um posterior juízo equilibrado por parte dos leitores.
É verdade que no Colégio Militar os alunos são levados a empurrar os limites das respectivas capacidades físicas e intelectuais.
É uma opção consciente dos pais e (deveria ser dos alunos) que escolhem o Colégio para atingirem determinados patamares de excelência, para os quais se exigem forçosamente sacrificios.
Todos sabemos que fazer, por exemplo, ginástica de alta competição, implica níveis de treino extremamente penosos para a esmagadora maioria das crianças, única forma de as fazer atingir os níveis de excelência procurados.
Não consta que pais de atletas processem em tribunal os clubes ou treinadores que lhes exigem tantas vezes esforços a níveis limite.
No caso pendente, das duas uma; ou estão em causa abusos ao quadro de referência explicado (e aceite) pelos encarregados de educação no acto de matrícula ou um desajuste óbvio dos queixosos relativamente àquele.
Os artigos em causa não nos permitem, de forma alguma, concluir se foi um ou outro caso. Quando não se sabe ou consegue apurar e expor a verdade de forma equilibrada é sempre preferível defender a presunção de inocência e o direito ao bom nome.
Ou sou só eu que penso assim por ser ex-aluno do Colégio Militar?