
Dêem-se as voltas que se derem ao texto, hoje mais do que nunca precisamos de uma escola onde para lá dos conteúdos se priorize a formação de cidadãos, com valores colectivos e humanos.
Quando o Estado incuba e fomenta o egoísmo e o oportunismo, logo a começar no sistema educativo, torna-se o primeiro e principal responsável pela respectiva falência.
É também e talvez por isso que o braço-de-ferro sobre a avaliação dos professores pouco tenha evoluído da estaca zero. O desgaste, a desinformação e o conformismo (do salve-se quem puder) são tais, que às tantas se engole a pílula e pronto!
Sou testemunha directa do pesadelo de trabalho burocrático cada vez mais imposto aos docentes (em claro prejuízo da disponibilidade humanamente possível para os alunos), apesar dos crescentes sacrifícios da respectiva vida extra-escolar e privada.
Numa sociedade onde os pais confiam a educação académica e a formação humana dos seus filhos ao espaço escolar (ou são forçados a fazê-lo cada vez mais), sufocar os docentes com tarefas “de papelaria” pode excitar os burocratas ministeriais mas resulta, na prática, na inviabilização de a escola servir de segunda família a alunos com problemas, expectativas, sonhos e dramas individualizados.
E isto para não falar na insanidade de forçar notas (aproveitamento) e a inclusão de alunos que destroem o ambiente escolar, desautorizam, desgatam e até intimidam professores, para fins puramente estatísticos e contabilísticos, à custa e em clara subversão da função formativa que ali deveria ser priorizada e defendida a todo o custo.
Ao tratar-se os professores como uma seita de indigentes e calaceiros, fomenta-se o despir da camisola, o desamor e o cinzentismo de alma.
Esta é uma pedrada nessa poça. Por quem é pai, cidadão e jornalista profissional há 25 anos. E espera de quem nos governa que o faça com sentido de Estado.
Quem semeia desconfiança colhe uma sociedade vazia de alma.
Quem dignifica e promove o magistério de professor assegura um futuro melhor, a todos os níveis, para a sociedade. Para cada um dos nossos filhos.