O Ocidente foi objecto do logro do século no assalto ao Iraque.
A antiga chefe dos serviços secretos britânicos britânicos testemunhou hoje perante uma comissão de inquérito que não tinham qualquer base factual os argumentos públicos citados para invasão do Iraque pelas tropas aliadas.
O assalto decidido por George W Bush e Tony Blair, com o apoio expresso de governos europeus como o português (recorde-se a Cimeira das Lajes), foi "justificado" por alegados propósitos terroristas de Saddam Hussein.
Com esse objectivo, ao executivo iraquiano era ainda imputada a produção e acumulação de arsenais de armas de destruição maciça.
Nelson Mandela protestou vigorosamente na altura os argumentos de uma invasão lançada à revelia das Nações Unidas, sublinhando que isso subvertia as bases de multilateralismo e as regras da própria democracia ocidental.
"Uma potência com um presidente que não consegue pensar adequadamente quer lançar o mundo num holocausto!" - sublinhou Mandela, em Joanesburgo, a 29 de Janeiro de 2003. "Ele (Bush) está a cometer o maior erro da sua vida ao provocar uma carnificina".
Washington, Londres e uma parte substancial dos media ocidentais reagiram com sobranceria aos comentários de Mandela, sobre aquilo que vendiam como sendo uma cruzada pelos direitos de um povo (iraquiano), que - na verdade - nunca lhes confiou tal mandato e, no melhor dos cenários, passou de um Estado repressor a um inferno diário.
Mandela sublinhou, na altura, que a postura de Bush e Blair fazia recuar décadas de trabalho diplomático paciente, para esvaziar os argumentos dos ditadores de todo o mundo, incluindo África, que acreditam ser donos da verdade e valores únicos.