O assassínio do antigo lider do AWB deixa a nú a escala e o potencial de violência latente num dos países mais deslumbrantes do Mundo.
Conheci Eugene Terreblanche de perto durante os 10 anos que chefiei a Lusa naquele país e a imagem que guardo é a de um homem que era uma força da natureza, brutal, carismático e que despertava a lealdade das franjas brancas mais radicais.
O AWB (Movimento de Resistência Afrikaner) é um grupo de extrema direita, de supremacia afrikaner, com uma ala paramilitar (Ystergard) em que militavam informalmente dezenas de antigos comandos, paraquedistas e fuzleiros.
A morte brutal de Terreblanche segue paradoxalmente sortes idênticas sofridas por centenas de agricultores brancos asssassinados naquele país mas é, em si, um duplo pesadelo para a administração do ANC (no poder na África do Sul).
Por um lado, vem na esteira de posturas provocatórias racistas anti-brancos do lider da juventude do ANC, como a recuperação do hino "Morte aos boer" (boer=agricultor afrikaner).
Por outro, a decorrente factura de escalada de tensões raciais numa África do Sul onde a criminalidade violenta assume muitas vezes facetas racistas e/ou xenófobas.