A indignação dos madrilistas era previsível.
A possibilidade de Mourinho ser o bombeiro de emergência para o incêndio que lavra na seleção nacional de futebol está a irritar os nuestros hermanos que já andavam com o pavio curto com o sub-rendimento do Real.
Nos sites dos principais jornais diários espanhois, os internautas dão largas à sua irritação perante a possibilidade de o galácticamete bem pago (por eles) treinador luso vir a orientar a equipa das quinas nos seus dois próximos compromissos internacionais, uma possibilidade avançada hoje pelo Record.
Recordam, muitos desses leitores, que Mourinho argumentou ter tido até agora pouco tempo com o pleno do plantel madrilista, para justificar o sub-rendimento colectivo das suas mega-estrelas e que, portanto, é impensável vir ainda a dividir esse tempo, com a farda de bombeiro.
O pavio curto de muitos dos internautas é extensível a outro dos portugueses ao serviço dos madrilistas; Crstiano Ronaldo, acusam-no de andar demasido egoísta e prima-donna em campo e não apenas, azarado.
Só quem não assistiu ao último mundial é que se poderia surpreender com tal leitura.
Qualquer dia é a vez dos espanhois inverterem a máxima popular para; De Portugal nem bom vento nem bom casamento!
A selecção portuguesa de futebol já está na África do Sul de Nelson Mandela.
Cristiano Ronaldo e companhia são uma espécie de terceira vaga portuguesa que desce no país do ouro, a começar pelo dobrar das Tormentas em Esperança, pelos navegadores lusos e, há três décadas, o pesadelo do caos pós-independência de Moçambique e Angola.
Portugal vai-se deslumbrar com a riqueza infraestrutural, ambiental e social daquele país que, apesar tudo, ainda é reduzida pelos media, a uma caricatura de violência.
Todas as cidades onde Portugal vai jogar na primeira fase do Mundial de Futebol da África do Sul têm referências emblemáticas portuguesas
Será um alívio ou um pesadelo Portugal ter ganho por uma unha negra na Albânia?
O facto de se ter mantido matematicamente possível o apuramento para a fase final do Mundial de 2010 na África do Sul seria motivo mais do que justificável de celebração.
Mas, por outro lado, voltou a ser confrangedora e penosa a prestação do "onze" português, salvo in-extremis da humilhação por um conjunto sem história nem glória.
Tirando os golos e um penalty perdoado a cada uma das equipas pouco mais se viu em Tirana no tocante a oportunidades de golo construídas por futebolistas milionários.
Valha-nos o facto de a Suécia ter perdido em casa frente à Dinamarca e ser assim ainda possível chegarmos ao segundo lugar, garantindo o apuramento directo para a África do Sul.
Só que para isso Cristiano Ronaldo e companhia têm de passar a jogar na selecção nacional pelo menos metade do que mostram nos respectivos clubes em vez de parecerem uns monos desinspirados, uma colecção de prima-donas que por ali andam ao Deus-dará.