No Quénia, uma coligação de grupos de mulheres adoptou uma forma original de mobilização para forçar os políticos a dar-lhe ouvidos.
Durante uma semana, milhares de mulheres vão fazer greve de sexo para vergar o chamado “sexo forte”.
O propósito é fazer com que os líderes quenianos contenham o ressurgir da disputa tribal que espalhou a morte e a destruição no país após as eleições de 2007.
O movimento já convidou as mulheres do presidente e do primeiro-ministro a aderirem à greve e afirmou que irá pagar às prostitutas para que estas não boicotem a iniciativa.
Este é também o país onde foi filmado o filme que mais me tocou em toda a vida..."África Minha"....um sabor de arrepiar a alma.
Há tiques de prepotência que custam a perder mas pior ainda é a falta de dignidade de quem os aceita e com eles compactua.
Que eu saiba a guerra acabou há muito em Angola, não há qualquer risco vislumbrável de Eduardo dos Santos ser alvo de um atentado e, no entanto, as medidas de segurança que o rodeiam continuam a ser de um aparato excessivo.
No parlamento foi unânime, desta vez, a voz de Zédu ser agora expressão de uma democracia real mas os cortes de estradas e acessos provocados em Lisboa pela passagem da sua caravana são mais próprios de uma ditadura do que de respeito pelos cidadãos.
Num país onde um Primeiro-Ministro (Antonio Guterres) circulava sequer sem batedores como entender o aparato prestado ao PR de Angola, um país em paz e democrático?
Ou Angola afinal não está em paz? Ou não é democrática?
Mas pior ainda é o servilismo e a política de calças em baixo que Lisboa assume relativamente a Luanda desde os anos 80. Tudo em nome dos (ainda) complexos coloniais, dos interesses financeiros ou da fragilidade de coluna vertebral?
Também a mim me apaixona África, conheço e gosto muito de Angola mas, por isso mesmo, sei bem que Luanda respeita a dignidade e desdenha os moluscos.
P.S. ...e duvido que os referidos excessos sejam produto de Zédu (que é sempre de uma simpatia tímida para com os jornalistas) mas antes "adereços" de uma "nomenklatura" persistente.
No Zimbabué, o ainda presidente Robert Mugabe gastou milhões de dólares em celebrações sumptuosas do seu 85º aniversário enquanto o Estado não paga aos professores, médicos e enfermeiros.
A "festa" insulta um povo que celebrou a independência daquela antiga colónia britânca, sob a liderança da ZANU-PF, partido que parece ter esquecido os princípios humanistas defendidos nos seus primórdios.
Pressionado pela comunidade internacional, Mugabe aceitou formar um governo de unidade nacional 11 meses após ter perdido eleições parlamentares mas está longe de assumir uma atitude construtiva face à oposição.
Mugabe culpa a antiga potência colonial não só pelo colapso sócio-económico do país, mas também por uma epidemia de cólera que está a devastar o Zimbabué e já provocou ali quase quatro mil mortos.
Cartoon: New York Post
Hipocrisia Ocidental ou dois pesos - duas medidas?
Quando o mundo islâmico protestou a representação de Maomé em caricatura, como insulto aos seus valores religiosos, o Ocidente defendeu ao limite a liberdade de imprensa.
Agora, quando o New York Post fez uma “charla” também em caricatura, onde Barack Obama é “linkável” a um macaco abatido pela polícia, num incidente (real) em Connecticut, lá vieram os racistas (ditos "anti-racistas") condenar a “ponte” como insultuosa.
Em África quando me chamam branco, mulungo (ou outro sinónimo) com indicações racistas (e isso acontece amiúde), acha-se “normal”. Ao fim ao cabo é apenas – segundo os ditos “puristas” – uma contra-reacção aos “séculos de exploração colonial”.
Mas se no mundo Ocidental, um não negro fizer uma piada sobre outros seres humanos mais pigmentados, isso já é algo reprovável e crucificável.
Aprendi há muito que as pessoas mais inteligentes são as capazes de se rir de si mesmas e que não se levam demasiado a sério. E suspeito cada vez mais dos (auto-convencidos) donos da verdade única.
Achei bem mais grave a falta de sensibilidade do Mundo Ocidental na ofensa a Maomé, porque sendo isso sagrado para os seus seguidores, que direito têm outras culturas ou sensibilidades de cruzar tal fronteira?
Que eu saiba, a liberdade de uns acaba onde começa a dos outros.
Conheci-o há década e meia no ultimo comício da UNITA realizado na mata.
António Maria Pereira era na altura a figura mais senior do PSD (liderado pelo então Primeiro-Ministro Cavaco Silva) entre os deputados portugueses que foram ao reduto do movimento do Galo Negro em tempo de guerra.
Recordo-o como um Senhor de modos e educação irrepreensíveis, arriscaria mesmo, fora de um tempo onde essas “esquisitices” são algo quase “fora de moda”.
António Maria Pereira foi alvo de uma brincadeira de João Soares, que se mexia entre os homens de Jonas Savimbi como um VIP, muito especial, após sobreviver a um desastre de aviação em terras da UNITA.
O “traquinas” socialista deixou o pobre social-democrata com os nervos em franja por não ser portador de uma mensagem de Cavaco para o Congresso da UNITA, algo que – segundo Soares – seria no mínimo interpretado por Savimbi como uma “deselegância”.
Um tal “alerta” de alguém tão conhecedor das sensibilidades do “mais velho” teve um eco devastador em Maria Pereira, que multiplicou pedidos de ajuda e instruções à liderança partidária, através do telefone de satélite da UNITA.
A brincadeira não se ficaria por ali mas, na hora do desaparecimento deste Senhor, com “S” grande, também não vou levantar mais o véu. Asseguro-vos apenas que o deputado socal-democrata passou com cinco estrelas em todo o teste, a começar no da capacidade de se rir de si mesmo.
Memórias para a memória de alguém raro, que nos deixa mais pobres.
Uma das mais prestigiadas figuras africanas ligadas aos chamados movimentos de libertação condenou frontalmente o regime do presidente zimbabueano Robert Mugabe e exigiu aos líderes da região que ponham fim ao descalabro socio-económico daquele que já foi um celeiro regional.
Graça Machel, viúva do primeiro presidente moçambicano Samora Machel e actualmente mulher do líder histórico anti-apartheid, Nelson Mandela, afirmou que o governo de Mugabe perdeu a legitimidade ao impor um sofrimento inenarrável ao seu povo.
“Tenho sido parte dos que confiaram e esperavam que os nossos líderes soubessem o que estavam a fazer e descobririam uma solução. Mas temos de reconhecer que já esperámos tempo demais” , sublinhou durante o lançamento em Joanesburgo da “Save Zimbabwe Now”.
“O nosso coração dói quando nos lembramos dos milhares e milhares de mulheres, crianças, homens, jovens e idosos, que entretanto morreram e cujas vidas poderiam ter sido salvas”.
Como diriam com humor os Gatos Fedorentos:
- Força Obama. Bóra aí! Vamos acreditar!
...senão estamos todos num embróglio