Segunda-feira, 4 de Maio de 2009

TACANHICE LUSÓFONA

   É estranho como no mundo lusófono andamos sempre ao contrário das mentes mais abertas.
 
   Enquanto, por exemplo, na África do Sul, as feridas do apartheid foram saradas através de uma Comissão da Verdade e Reconciliação, DOIS ANOS após o fim daquele, no mundo lusófono ainda trocamos acusações sobre o passado colonial que acabou há TRÊS DÉCADAS E MEIA.
 
   Na África do Sul entendeu-se por bem manter-se nomes de afrikanders que a mal ou bem fizeram parte da história do país, tal como ele é hoje.
 
   Em Moçambique, em sentido contrário, celebra-se hoje a substituição de nomes como Marquês de Pombal numa Avenida de Maputo, por um que a esmagadora maioria dos residentes da capital mal consegue pronunciar (Chinyamapere).
 
   Na África do Sul procura-se fazer com que todas as comunidades se sintam integradas e parte do país a construir. No mundo lusófono ainda há nós, os coitadinhos, e eles, os opressores.
 
   Mesmo que os oprimidos o sejam há mais de três décadas por incúria dos respectivos líderes políticos e por tratarem à pedrada aqueles com que poderiam há muito ter (re)construído pontes.
 
   Leiam o último livro de Mia Couto, “E se Obama fosse africano”, e caiam na real.
 
   Ou será que agora o Mia também vai ser criticado como neo-colonialista por falar verdades politicamente incorrectas?

publicado por António Mateus às 12:29
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Quarta-feira, 29 de Abril de 2009

GREVE AO SEXO

 

   No Quénia, uma coligação de grupos de mulheres adoptou uma forma original de mobilização para forçar os políticos a dar-lhe ouvidos.

 

   Durante uma semana, milhares de mulheres vão fazer greve de sexo para vergar o chamado “sexo forte”.

 

   O propósito é fazer com que os líderes quenianos contenham o ressurgir da disputa tribal que espalhou a morte e a destruição no país após as eleições de 2007.

 

   O movimento já convidou as mulheres do presidente e do primeiro-ministro a aderirem à greve e afirmou que irá pagar às prostitutas para que estas não boicotem a iniciativa. 

 

   Este é também o país onde foi filmado o filme que mais me tocou em toda a vida..."África Minha"....um sabor de arrepiar a alma.

 


publicado por António Mateus às 22:18
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Terça-feira, 24 de Março de 2009

MADIBA O MÁGICO

 

 
   (FOTO TIMES)
    Madiba nos olhava, cima abaixo, alma afora, como quem nos abraça por dentro. 
   Saciando-nos a vertigem de estar sempre num outro presente, em busca de um qualquer outro futuro.  
   Tinha aquela magia de se pequeninar do alto da sua grandeza, para nos agigantar, no segredo de cultivar a luz, aceitando a sombra.
   Nasceu com aquele xicuembo contagiante, de nos rasgar humanos, sensíveis, despojados de querer para nós. Estacionar num canto qualquer a vertigem de saciar o eu, quando o segredo da felicidade serena, está no pintar sorrisos em tu.
   Eu o olhava, enorme! Ainda mais dentro de si do que no corpo espigado céu acima.
   E agradecia mil vezes às curvas da vida, que com ele me anzolaram, magias do estar.
 


publicado por António Mateus às 13:03
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Terça-feira, 17 de Março de 2009

LIÇÃO DE BOM JORNALISMO

 

 
   Vi com todos os sentidos, o coração e a razão, os (excelentes) trabalhos feitos recentemente pelo Luis Castro e o Nuno Patrício (ambos da RTP) na Guiné-Bissau.
 
   Um exemplo de sensibilidade humana, jornalismo no seu melhor e uma bofetada de luva branca em quem insiste que África já não interessa aos telespectadores, leitores e ouvintes portugueses.
 
   O mal é que quem dita os conteúdos dos jornais e telejornais é na generalidade absolutamente ignorante da realidade africana e da forma como esta se borda no nosso existir. E ignorando-a extrapola que não interessa à maioria dos outros.
 
   Agora, de repente, “descobriram” Angola!
 
   Curioso, há poucos meses as eleições naquele país foram cobertas quase como um “fait-divers” quando Luanda já era o destino mais procurado dos nossos empresários e por emigrantes portugueses....
 
   Obrigado Luis também por essa pedrada no charco.
 
 
P.S. Não tenho ilusões, no entanto. O charco voltará a alisar-se, pela força da gravidade.

publicado por António Mateus às 19:24
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Quarta-feira, 11 de Março de 2009

ANGOLA DO NOSSO SERVILISMO

  

 

 

  Há tiques de prepotência que custam a perder mas pior ainda é a falta de dignidade de quem os aceita e com eles compactua.

 

   Que eu saiba a guerra acabou há muito em Angola, não há qualquer risco vislumbrável de Eduardo dos Santos ser alvo de um atentado e, no entanto, as medidas de segurança que o rodeiam continuam a ser de um aparato excessivo.

 

   No parlamento foi unânime, desta vez, a voz de Zédu ser agora expressão de uma democracia real mas os cortes de estradas e acessos provocados em Lisboa pela passagem da sua caravana são mais próprios de uma ditadura do que de respeito pelos cidadãos. 

 

   Num país onde um Primeiro-Ministro (Antonio Guterres) circulava sequer sem batedores como entender o aparato prestado ao PR de Angola, um país em paz e democrático?

 

Ou Angola afinal não está em paz? Ou não é democrática?

 

   Mas pior ainda é o servilismo e a política de calças em baixo que Lisboa assume relativamente a Luanda desde os anos 80. Tudo em nome dos (ainda) complexos coloniais, dos interesses financeiros ou da fragilidade de coluna vertebral?

 

  Também a mim me apaixona África, conheço e gosto muito de Angola mas, por isso mesmo, sei bem que Luanda respeita a dignidade e desdenha os moluscos. 

 

P.S. ...e duvido que os referidos excessos sejam produto de Zédu (que é sempre de uma simpatia tímida para com os jornalistas) mas antes "adereços" de uma "nomenklatura" persistente.


publicado por António Mateus às 08:17
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Domingo, 22 de Fevereiro de 2009

MUGABE O OBSCENO

 

   No Zimbabué, o ainda presidente Robert Mugabe gastou milhões de dólares em celebrações sumptuosas do seu 85º aniversário enquanto o Estado não paga aos professores, médicos e enfermeiros.

 

   A "festa" insulta um povo que celebrou a independência daquela antiga colónia britânca, sob a liderança da ZANU-PF, partido que parece ter esquecido os princípios humanistas defendidos nos seus primórdios.

 

   Pressionado pela comunidade internacional, Mugabe aceitou formar um governo de unidade nacional 11 meses após ter perdido eleições parlamentares mas está longe de assumir uma atitude construtiva face à oposição.

 

   Mugabe culpa a antiga potência colonial não só pelo colapso sócio-económico do país, mas também por uma epidemia de cólera que está a devastar o Zimbabué e já provocou ali quase quatro mil mortos.

  


publicado por António Mateus às 22:02
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Sexta-feira, 20 de Fevereiro de 2009

OBAMA versus MACACO

Cartoon: New York Post

 

   Hipocrisia Ocidental ou dois pesos - duas medidas?

 

  Quando o mundo islâmico protestou a representação de Maomé em caricatura, como insulto aos seus valores religiosos, o Ocidente defendeu ao limite a liberdade de imprensa.

 

   Agora, quando o New York Post fez uma “charla” também em caricatura, onde Barack Obama é “linkável” a um macaco abatido pela polícia, num incidente (real) em Connecticut, lá vieram os racistas (ditos "anti-racistas") condenar a “ponte” como insultuosa.

 
   Estamos todos loucos ou quê?
 

   Em África quando me chamam branco, mulungo (ou outro sinónimo) com indicações racistas (e isso acontece amiúde), acha-se “normal”. Ao fim ao cabo é apenas – segundo os ditos “puristas” – uma contra-reacção aos “séculos de exploração colonial”.

 

   Mas se no mundo Ocidental, um não negro fizer uma piada sobre outros seres humanos mais pigmentados, isso já é algo reprovável e crucificável.

 

   Aprendi há muito que as pessoas mais inteligentes são as capazes de se rir de si mesmas e que não se levam demasiado a sério. E suspeito cada vez mais dos (auto-convencidos) donos da verdade única.

 

   Achei bem mais grave a falta de sensibilidade do Mundo Ocidental na ofensa a Maomé, porque sendo isso sagrado para os seus seguidores, que direito têm outras culturas ou sensibilidades de cruzar tal fronteira?

 

   Que eu saiba, a liberdade de uns acaba onde começa a dos outros.

   E isso funciona nos dois sentidos.

 

 

 


publicado por António Mateus às 13:00
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Quarta-feira, 28 de Janeiro de 2009

MORREU UM SENHOR


 

  Conheci-o há década e meia no ultimo comício da UNITA realizado na mata.

 

  António Maria Pereira era na altura a figura mais senior do PSD (liderado pelo então Primeiro-Ministro Cavaco Silva) entre os deputados portugueses que foram ao reduto do movimento do Galo Negro em tempo de guerra.


  Recordo-o como um Senhor de modos e educação irrepreensíveis, arriscaria mesmo, fora de um tempo onde essas “esquisitices” são algo quase “fora de moda”.


  António Maria Pereira foi alvo de uma brincadeira de João Soares, que se mexia entre os homens de Jonas Savimbi  como um VIP, muito especial, após sobreviver a um desastre de aviação em terras da UNITA.


  O “traquinas” socialista deixou o pobre social-democrata com os nervos em franja por não ser portador de uma mensagem de Cavaco para o Congresso da UNITA, algo que – segundo Soares – seria no mínimo interpretado por Savimbi como uma “deselegância”.


  Um tal “alerta” de alguém tão conhecedor das sensibilidades do “mais velho” teve um eco devastador em Maria Pereira, que multiplicou pedidos de ajuda e instruções à liderança partidária, através do telefone de satélite da UNITA.


  A brincadeira não se ficaria por ali mas, na hora do desaparecimento deste Senhor, com “S” grande, também não vou levantar mais o véu.  Asseguro-vos apenas que o deputado socal-democrata passou com cinco estrelas em todo o teste, a começar no da capacidade de se rir de si mesmo.


  Memórias para a memória de alguém raro, que nos deixa mais pobres. 


publicado por António Mateus às 22:36
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Quarta-feira, 21 de Janeiro de 2009

DE GRAÇA NEM MUGABE

 
  Demorou tempo mas chegou! Finalmente.

 

  Uma das mais prestigiadas figuras africanas ligadas aos chamados movimentos de libertação condenou frontalmente o regime do presidente zimbabueano Robert Mugabe e exigiu aos líderes da região que ponham fim ao descalabro socio-económico daquele que já foi um celeiro regional.

  Graça Machel, viúva do primeiro presidente moçambicano Samora Machel e actualmente mulher do líder histórico anti-apartheid, Nelson Mandela, afirmou que o governo de Mugabe perdeu a legitimidade ao impor um sofrimento inenarrável ao seu povo.

  “Tenho sido parte dos que confiaram e esperavam que os nossos líderes soubessem o que estavam a fazer e descobririam uma solução. Mas temos de reconhecer que já esperámos tempo demais” , sublinhou durante o lançamento em Joanesburgo da “Save Zimbabwe Now”.

  “O nosso coração dói quando nos lembramos dos milhares e milhares de mulheres, crianças, homens, jovens e idosos, que entretanto morreram e cujas vidas poderiam ter sido salvas”. 


publicado por António Mateus às 21:49
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Terça-feira, 20 de Janeiro de 2009

OBAMA 44º PRESIDENTE EUA

Como diriam com humor os Gatos Fedorentos:

 - Força Obama. Bóra aí!   Vamos acreditar!  

     

                                ...senão estamos todos num embróglio 


publicado por António Mateus às 22:35
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